Gosto, dever e necessidade
– Orson Peter
Carrara
A necessidade se impôs primeiro,
talvez o gosto veio em seguida e o dever acabou se desenvolvendo por si mesmo,
face a imperativos inadiáveis que se apresentam.
Sim, o trabalho. Exigiu-se
trabalhos variados por necessidade inclusive de sobrevivência e proteção. Essa
necessidade desenvolveu o gosto e este mostrou o dever.
Os sábios desígnios da
Providência conduzem a evolução humana com sabedoria, fazendo-nos gradativamente
sentir, descobrir e viver, para finalmente encantar-se com a solidariedade que
envolve tudo e todos.
Há uma finalidade na arte de
viver. Essa arte vai sendo gradativamente assimilada. Para uns antes, para
outros depois, mas todos integrados, ainda que de forma parcial ou nos variados
estágios de aprendizado e amadurecimento com que se apresentam os
comportamentos humanos. Fatalmente seremos levados a assimilar o que é a Vida,
seus objetivos, e especialmente a grandeza da obra da Criação.
Não é por acaso os embates em que
nos envolvemos nos relacionamentos, nos desafios da profissão e da ciência, ou
mesmo no educandário familiar e seus conflitos. Tudo isso visa amadurecer a
mentalidade humana, moral e intelectualmente, para então alcançarmos o perfeito
entendimento de nossa condição como filhos do Ser Supremo, quando estaremos
integrados na solidariedade plena que é Lei da Vida, solicitando-nos estender
mutuamente mãos e sentimentos para equilibrar a sociedade.
O que vivemos atualmente é
resultante da indiferença, da omissão e especialmente do egoísmo que nos
permitimos, distanciados ainda ou imaturos no entendimento do que é viver e
trabalhar pelo próprio desenvolvimento e simultaneamente pelo bem do próximo.
Almas amadurecidas empenham-se no bem coletivo, disciplinam a si mesmas e se
tornam referência onde atuam. Nós, imaturos ainda, aí estamos a provocar toda
série de dificuldades, criando obstáculos, adotando tolices dispensáveis,
adiando providências para o próprio bem e especialmente nos deixando seduzir
por paixões variadas e interesses marcados pelo egoísmo.
O trabalho, pois, remunerado ou
não, é por necessidade (de
sobrevivência ou de tantas outras classificações e que desenvolvem a
inteligência e a moralidade, beneficiando amplamente a convivência social), por gosto (quando aprendemos a amar o que
fazemos ou nos dedicamos com desprendimento a atividades que nos deem
satisfação, nos variados campos da existência) ou por dever (quando sentimos que há uma lei de solidariedade que nos pede
estendermos nosso tempo, nossa experiência, nosso saber, nossas habilidades,
nossos recursos em favor de uma vida social equilibrada).
Pensemos, pois, leitor (a) na
importância de nosso trabalho, de nosso conhecimento, de nossa habilidade, de nossa
experiência. Quantos benefícios já distribuídos, quantos méritos que no tempo
trarão inúmeras alegrias (se é que já não trouxeram). Todos as temos. Basta
pensar de que forma fazer isso frutificar em favor uns dos outros. É a
consciência da solidariedade.
Por necessidade, por gosto, por
dever, trabalhemos! O trabalho é lei da vida. Tudo trabalha e isso mantém a
ordem e o equilíbrio. Fruto da Lei do Progresso e da Lei de Conservação, o
trabalho convoca cada um de nós onde estamos.
A presente abordagem foi
inspirada no subtítulo O Ponto de Vista,
constante do Capítulo II – Meu Reino não
é deste mundo – de Allan Kardec, em O
Evangelho Segundo o Espiritismo.
Nenhum comentário:
Agradecemos sua visita e seu comentário!
PS: Se necessário, o autor responderá.