Protocolo de Segurança
Protocolo
de Segurança – Orson Peter Carrara
A expressão que uso como título foi muito utilizada nos
últimos tempos, especialmente considerando a área de saúde, indicando procedimentos
em favor da segurança da população nas situações de riscos. Claro que não
exclusivo à saúde, mas estendendo-se a outras circunstâncias da vida coletiva.
A palavra protocolo também está ligada a questões de
organização e mesmo providências administrativas, ainda que muitas vezes
burocráticas, face à necessidade compreensível de ordem nos diversos segmentos
da vida humana, inclusive com registros e andamento de documentos e processos
variados.
A palavra segurança, também sempre buscada e enfatizada,
indica caminhos e roteiros de firmeza e estabilidade, cabível igualmente em todas
as circunstâncias da vida e do relacionamento humano, burocráticas ou não,
afetivas, de saúde, de patrimônio e proteção individual e coletiva.
A expressão título da presente abordagem cabe também na
prática espírita. A fonte segura de informações está na Codificação Espírita.
Ela é roteiro luminoso para se agir com segurança, com decisão, iniciativa e
ações que valorizem seus propósitos, exatamente pelo conhecimento de seu
conteúdo.
Com o conhecimento espírita estamos de posse de um
verdadeiro protocolo de segurança, indicando como agir diante dos desafios diários
do cotidiano, de como lidar com os fenômenos produzidos pelos espíritos e sua
constante influência sobre a vida humana. Inclusive a compreender sobre nossa
origem, natureza e destinação, a entender quem são e por que existem os médiuns,
prevenindo-nos das ilusões e seduções do fanatismo, do radicalismo e mesmo de
pretensões vãs ou inserções distorcidas nas atividades a que nos dedicamos,
movidos pelo ideal espírita.
As distorções, enganos, decepções, frustrações e todo tipo
de incoerência, tantas vezes verificada, se deve ao fato do não conhecimento ou
do conhecimento não aplicado, não observado. Os princípios doutrinários, tão
claramente expressos por Kardec em toda sua obra, precisam ser devidamente conhecidos,
divulgados e sempre comentados em explicações claras, objetivas, para a compreensão
geral. Entre eles está a questão do intercâmbio com os espíritos, gerador –
justamente pela falta de conhecimento e aplicação do discernimento – de fantasias
e distorções de todo tipo.
A Doutrina Espírita é uma doutrina racional, lógica, de
embasamento científico, desdobramentos filosóficos e consequências morais. Nada
impõe. Apenas pede ser conhecida. Por isso o estudo doutrinário é fundamental.
A reflexão continuada sobre seus conteúdos, as explanações claras e objetivas
nas reuniões públicas das instituições e, claro, a aplicação coerente nas
atividades movidas pelo ideal espírita.
Conhecer o Espiritismo, em sua fonte original – as Obras
Básicas de Kardec – constitui-se em verdadeiro Protocolo e Segurança,
que evita ilusões, fantasias, fanatismo ou radicalismo. Claro, porém, que mesmo
conhecendo, podemos ser atraídos e seduzidos por esses caminhos equivocados,
por isso ao lado do estudo, sempre a reflexão em torno do bom senso e do
discernimento. Cabem algumas perguntas que todos podemos fazer, seja como
individuo, seja como instituição.
O que estou fazendo é coerente com a prática espírita?
Por outro lado, sou coerente com o que já sei?
Meu proceder indica personalismo ou desejo mesmo atuar com o
propósito de servir?
Ouvi uma referência desastrosa um dia desses. Disse um
dirigente espírita: “Entre Kardec e meu guia, fico com meu guia.” Olha a incoerência! Muitas vezes médium e
suposto guia são mais equivocados do que se imagina e o chamado guia é um desguiado...
Daí a prudência, o cuidado, para não cairmos na fascinação,
de desdobramentos lamentáveis.
Melhor estar sempre atento ao Protocolo de segurança
do devido conhecimento espírita.
Com Kardec no raciocínio e Jesus no sentimento, não tem
erro. Aí não erraremos.
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