Obsidiáveis somos!
Seres
obsidiáveis, somos! -
Orson Peter Carrara
Incrível como são vastas as janelas que se abrem para
reflexões sobre a vida e seus desdobramentos. O próprio significado das
palavras faz isso.
No caso especifico do fenômeno da obsessão, fartamente
disponível na literatura espírita e ocorrência igualmente comum na vida humana
– não restrita ao Espiritismo – até o tempo do verbo ajuda nessa compreensão.
Note-se nas definições próprias do idioma e também do
conhecimento espírita:
a)
Obsessão – influência perniciosa de uma
personalidade sobre outra;
b)
Obsidiar – cercar para obrigar, submeter, ato de
perseguir, constranger;
c)
Obsidiáveis – flexão do verbo obsidiar na 2ª.
pessoa do plural do pretérito imperfeito do indicativo.
E vejam ainda a beleza do idioma. Além da flexão do verbo,
como acima indicado, a palavra obsidiáveis (que está no título) nesse
caso é adjetivo qualificando a palavra seres. É a coerência das
regras gramaticais.
Em outras palavras, somos todos seres influenciáveis. A todo
instante estamos sujeitos à influência perniciosa de outras mentes em
desequilíbrio, estejam elas encarnadas ou desencarnadas. Isso porque ainda não
temos domínio sobre nós mesmos nos sentimentos, reações, decisões, escolhas,
posturas, palavras e comportamentos.
Diante de situações adversas podemos nos deixar envolver por
sugestões nada construtivas. Ao mesmo tempo, a ausência de vigilância
submete-nos à sedução de paixões variadas sugeridas ou buscadas que podem se
transformar na ação constrangedora de outras mentes, configurando a obsessão,
fenômeno muito conhecido e estudado pelo Espiritismo.
A prudência nunca será demais; os cuidados com o próprio
comportamento, a vigilância das escolhas são recomendações sempre bem vindas e
oportunas. Um passo em falso, um instante de distração pode significar porta de
acesso a desequilíbrios que não temos como medir antes.
A fragilidade, pois, que ainda nos caracteriza, emocional e
moralmente considerando, submete-nos à condição real de seres obsidiáveis. Ou
seja, sujeitos à obsessão. Ainda que naquela considerada simples, ou mais
graves como fascinação ou subjugação.
Que não se assuste o leitor. A abordagem não é pessimista,
mas sim apenas real. Na verdade, uma reflexão assim nos conduz à dispensa de
ambições ou de vãs pretensões, à demissão de tolas vaidades, ou renúncia ao
egoísmo e ao orgulho. Ainda que não consigamos de imediato, é preciso exercitar
essas renúncias com exercícios de desprendimento ou altruísmo, para irmos
gradativamente sentindo o que verdadeiramente significa viver, em suas leis
sábias, conduzindo-nos à real felicidade, que não se fixa em tolas ilusões.
Haja cuidado! Mas, convenhamos, como adquirir sabedoria,
lucidez, evolução, senão com cuidados preventivos e esforços de aprimoramento?
Mãos à obra! Estamos todos juntos e podemos mutuamente nos
ajudar.
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