Jamais cede à evidência
É tenaz o interesse, jamais cede à evidência – Orson Peter Carrara
Deus meu! Que atualidade essa afirmação! Perfeitamente
aplicável para nossos dias.
Mas na verdade nem devemos nos surpreender. Sempre foi
assim, com todos nós.
E está seguido de algo ainda mais impactante: “(...)
irrita-se tanto mais quanto peremptórios e demonstrativos de seu erro são os argumentos
que se lhe opõem. Sabe ele muito bem que está errado, mas isso não o abala,
porquanto a verdadeira fé não lhe está na alma. O que mais teme é a luz, que dá
vista aos cegos. É-lhe proveitoso o erro; ele se lhe agarra e o defende (...)”.
Mas que atualidade!!! Permitam-me repetir. É o que estamos
vivendo em sociedade.
Interesses variados movem as ações, despreocupados do
interesse principal: a fraternidade que deve gerir os relacionamentos, de vez
que somos todos irmãos. Mas nos deixamos dominar por paixões diversas,
deixando-nos seduzir por ideias ilusórias e falsas, aceitando propostas
descabidas. Nem é preciso ir além desse parágrafos. As questões estão tão
claras que nem é preciso continuar.
Se partirmos do título da presente abordagem e lermos
novamente a continuação do raciocínio presente no terceiro parágrafo acima,
pronto! É a realidade humana presente.
E está escrito. Foi escrito lá em 1864.
A afirmação é de
Kardec e está no capítulo XXIII – Estranha Moral, de O Evangelho
Segundo o Espiritismo, item 14. O texto está inserido na reflexão do
Codificador sobre a afirmação de Jesus: Não vim trazer a paz, mas a divisão,
que é um subtítulo no capítulo em referência.
No texto o Codificador está se referindo às lutas do
Cristianismo, face aos paradigmas alimentados pelas antigas crenças. Sugiro ao
leitor ler todo o texto, dos itens 9 a 18.
Mas o contexto é o mesmo, ainda que em época diferente.
É a luta dos interesses, para impor sobre outros ideias
defendidas mesmo que deturpadas e em detrimento o interesse coletivo. Aliás,
esse normalmente é desconsiderado. Pensa-se, analisa-se, decide-se
esquecendo-se o coletivo, para aproveitamento do individual ou de grupos.
E com a clareza da reflexão do Codificador, permito-me separar
didaticamente:
1 – É tenaz o interesse, jamais cede à evidência;
2 – Irrita-se tanto mais quanto peremptórios e
demonstrativos de seu erro são os argumentos que se lhe opõem;
3 – Sabe ele muito bem que está errado, mas isso não o
abala, porquanto a verdadeira fé não lhe está na alma;
4 – O que mais teme é a luz, que dá vista aos cegos;
5 – É-lhe proveitoso o erro; ele se lhe agarra e o
defende.
Analise, caro leitor, cada item acima. Reflitamos sobre a
realidade atual do planeta e veremos a predominância do egoísmo com gestor de
todo esse quadro que se apresenta. O egoísmo é indiferente, omisso mesmo em ações
que possam alterar determinadas situações, falseador de muitas circunstâncias
para atender aos próprios interesses.
O que nos parece pior é o não ceder à evidência, irritar-se
quanto a argumentos que apontam os equívocos, saber que está errado e não
ceder, valer-se do erro para proveito próprio.
Mais grave ainda é pensar que a fé não está na alma, mas nos
interesses, que são ilusórios, passageiros, materiais, sedutores sim, mas de
desdobramentos lamentáveis no futuro que vai exigir reparação. Não pensam
nisso... desconsideram também.
É exatamente por tudo isso que Jesus afirmou com
propriedade: Não vim trazer a paz, mas a divisão. De que lado estamos,
da paz, ou das medíocres divisões que ainda nos assinalam.
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