O que sai da boca contamina o homem
Falsos testemunhos, furtos, adultérios, blasfêmias...
Orson Peter Carrara
Não se assuste o leitor. Na frase que usamos como título
ainda podem ser acrescentados os maus pensamentos, as maledicências e mesmo os
homicídios e a luxúria. Essas palavras e desejos que se transformam em ações
concretas, infelicitando a relação humana, tão presentes entre nós, partem do
coração. Sim, os sentimentos alimentados constroem tudo isso.
As palavras não são minhas. Foram anotadas por Mateus, em
seu capítulo XV, versículos 1 a 20. Especialmente com a clareza dos versículos
18 e 19:
¹⁸ Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso
contamina o homem.
¹⁹ Porque do coração procedem os maus pensamentos,
mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
Jesus conhece nossa precariedade moral e suas afirmações
apenas refletem a realidade do que ainda somos contaminados pelas mazelas
morais que alimentamos nos sentimentos.
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo,
capítulo 8 – Bem-aventurados aqueles que tem puro o coração, no
subtítulo Verdadeira Pureza. Mas não lavadas, itens 8 a 10, transcreve a
anotação de Mateus e a comenta com toda sua lucidez.
Dada a grandeza da abordagem, recomendamo-la ao estudo do
leitor. E no texto em referência, há uma afirmação que merece nossa atenta
reflexão. Afirma o Codificador:
“(...) o homem não chega a Deus senão quando está perfeito
(...)”. Considerem os leitores o alcance dessa afirmação. No texto, compreendemos,
conforme afirmação do próprio Jesus de que “(...) não é o que entra na boca que
enlameia o homem, mas o que sai da boca do homem (...)”, que o grande detalhe
está na crença de que práticas exteriores resolvem nosso desafio de melhorar.
Não! Essa melhora moral será resultante do esforço individual, continuado, sem
aparências ou disfarces. Sinais exteriores, sejam quais forem, são nulos nesse
processo, se não anular o acervo de iniciativas comprometedoras da dignidade e
da retidão moral, ainda presentes entre nós. Calúnias, espoliações, entre
outros como os acima citados, que fazem mal ao próximo, não condizem com o bem
geral trazido pelo Evangelho de Jesus. O uso de aparências só produz fanáticos,
supersticiosos e hipócritas, não resultando no homem de bem.
Concluo com a frase do próprio Kardec, muito própria para o
tema em questão: “Não basta, pois, ter as aparências da pureza, é preciso antes
de tudo, ter a pureza de coração”. Essa pureza não usa malícia, nem mentiras,
nem manipulações. Só deseja o bem, espontaneamente. Convenhamos que ainda
estamos por conquistar essa virtude.
São as riquezas dessa incomparável obra: O Evangelho
Segundo o Espiritismo.
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