Bendita chave
Nos aproxima de Deus – Orson Peter Carrara – orsopeter92@gmail.com
O trecho magnífico de Kardec está no Capítulo 7 –
Bem-aventurados os pobres de espírito, em O Evangelho Segundo o
Espiritismo, último parágrafo do item 2, e transcrevo parcialmente ao
leitor.
Diz o Codificador nas apreciações iniciais do capítulo em
referência: “(...) Em todas as circunstâncias Jesus põe a humildade na
categoria das virtudes que nos aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios
que dele afastam a criatura, e isso por uma razão muito natural: a de ser a
humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra
ele. Mais vale, pois, para a felicidade do homem, ser pobre em espírito, no
sentido do mundo, e rico em qualidades morais.”
O capítulo, como seu próprio título indica, estuda uma das
bem-aventuranças, com três preciosas mensagens no subtítulo Instruções dos
Espíritos, assinadas por Lacordaire, Adolfo e Ferdinando, além dos sempre
lúcidos comentários de Kardec, de onde extraímos o trecho acima.
É que a virtude da humildade – que, de nenhuma forma, se
refere ao status social do ser e sim à sua intimidade moral –, oposta à
mazela moral do orgulho, é comparada a uma chave bendita para a solução
ou superação dos desafios e dificuldades que venhamos a enfrentar. A expressão
é de Emmanuel que, inclusive, a usou como título no capítulo 17 do livro Mãos
Unidas (edição IDE). Recomendamos inclusive a leitura integral do compacto
texto que, com facilidade pode ser encontrado em pesquisa virtual.
Por isso Kardec diz que ela, a humildade, nos aproxima de
Deus e que o orgulho nos afasta do Criador. É que o orgulho nos faz achar que
somos os melhores, os mais capazes, os preferidos, entre outras pretensões,
causando verdadeira cegueira no olhar das circunstâncias e dos relacionamentos.
A humildade, no outro extremo, nos faz reconhecer a própria pequenez e nos
situa na condição de meros aprendizes.
Cairbar Schutel em seu notável Parábolas e Ensinos de
Jesus (ed. O CLARIM), no capítulo Pobres de Espírito e Espíritos
pobres, amplia a questão e afirma:
a)
Os pobres de espírito são os que não têm
orgulho, os espíritos ricos são os que acumulam tesouros nos Céus, onde a traça
não os rói e os ladrões não os alcançam.
b)
Os pobres de espírito sãos os humildes,
que nunca mostram saber o que sabem, e nunca dizem ter o que têm; a modéstia é
o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são os que sabem que não sabem!
O texto do capítulo, embora curto, é muito rico e
recomendamos ao leitor ler na íntegra. O autor continua com exemplos do que é
humildade, comparado aos chamados “pobres de espírito”, donde se conclui que os
espíritos pobres são aqueles ainda movidos por vaidade, por ambições
desmedidas, pelo egoísmo, pelas pretensões descabidas, por egoísmo e que,
portanto, ainda não conquistaram os poderes plenos que as virtudes
proporcionam.
A expressão “pobres de espírito” causa inversão na
interpretação literal, por isso é preciso ir além das palavras e adentrar o
sentido da citada expressão, entendendo-a como a ausência de quaisquer
pretensões, reconhecendo a própria pequenez, e, portanto, habilitando-se ao Reino
dos Céus, conforme afirmação de Jesus e anotações dos Evangelistas.
Note-se que o assunto não se esgota, ele abre muitos
caminhos, até porque pode-se avançar para o perfeito entendimento sobre o que é
o Reino de Deus – que em síntese é um estado interior de felicidade
real, não baseada em aquisições materiais, de poder ou vaidades, mas de
consciência tranquila e sincera vivência da fraternidade –, mas não é aqui
nosso objetivo. Outro não foi esse objetivo senão destacar um trecho da obra
básica de Kardec, até para estimular o estudo do capítulo em referência.
Mas aí ficaram, no texto, indicações de livros e capítulos,
que recomendamos com ênfase.
Estudar sempre para aprender com objetividade.

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