O interesse coletivo deve prevalecer sobre o interesse individual

Fanáticos,
maníacos e loucos – Orson Peter Carrara
Observa-se com frequência os prejuízos e constrangimentos
trazidos pelo fanatismo e pelas manias que extrapolam o bom senso. Mas também
os desequilíbrios mentais por eles trazidos. Estão em todos os segmentos da
vida social. Quando prevalece a falta de discernimento, surgem as loucuras
próprias pelos estudos da matemática, da medicina, da música, da filosofia
entre outros, comparecendo também nos esportes e nas artes em geral, fruto do
fanatismo por determinada área ou manias ao conduzir as próprias atividades.
Nem por isso, todavia, vamos banir ou combater as conquistas
diversas da evolução humana. Precisamos desses avanços resultantes da
dedicação, estudos e renúncias de muita gente que busca aperfeiçoamentos
diversos em todas as áreas. O problema todo é quando surgem os extremos, com o
fanatismo conduzindo.
Também na prática religiosa e mesmo mediúnica surgem os
maníacos e extremistas, por descuidos variados e mesmo por ignorância –
resultante do não estudo e disciplina que se requer – sobre o assunto. Não só
na prática da mediunidade, em nosso caso de espíritas, mas também na condução e
vivência dos estudos doutrinários trazidos pelo Espiritismo.
Kardec aborda a questão no item XV da Introdução de O
Livro dos Espíritos. Referindo-se às críticas de pessoas que enxergam
perigo em tudo, sugestionam que: “(...) certas pessoas, em se entregado a esses
estudos, terem perdido a razão (...)”. E aí, com toda sua sabedoria, argumenta
o Codificador: “Como homens sensatos podem ver nesse fato uma objeção séria?
Não ocorre o mesmo com todas as preocupações intelectuais sobre um cérebro
fraco?”
Kardec refere-se às objeções apresentadas por aqueles que
recusam, resistem, à realidade das manifestações espíritas. A comparação que
apresenta, inclusive adentrando o terreno dos desequilíbrios mentais – dos
quais tantas vezes não são acusados os espíritas e os médiuns –, é notável:
“Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a
loucura: as ciências, as artes e até a religião lhe fornecem contingentes. A
loucura tem como causa primária uma predisposição orgânica do cérebro, que o
torna mais ou menos acessível a certas impressões. Dada a predisposição para a
loucura, esta tomará o caráter da preocupação principal, que então se muda em
ideia fixa, podendo tanto ser a dos Espíritos, em quem com eles se ocupou, como
a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma arte, de uma
ciência, da maternidade, de um sistema político ou social. Provavelmente, o
louco religioso ter-se-ia tornado um louco espírita, se o Espiritismo fora a
sua preocupação dominante, do mesmo modo que o louco espírita o seria sob outra
forma, de acordo com as circunstâncias.”
Mas é sempre sua lucidez que se apresenta a quem estuda com
seriedade:
a)
“(...) o Espiritismo não tem privilégio algum a
esse respeito. Vou mais longe: digo que, bem compreendido, ele é um
preservativo contra a loucura (...)”;
b)
“(...) Suas convicções lhe dão, assim, uma
resignação que o preserva do desespero e, por conseguinte, de uma causa
permanente de loucura e suicídio. (...)”
Estudado, meditado, refletido, o Espiritismo preserva, pois,
do fanatismo, das manias, dos desequilíbrios mentais. Embora possamos trazer
dentro nós vários desequilíbrios, quando aprofundamos o estudo espírita,
libertamo-nos de ilusões, condicionamentos, medos, pretensões vãs e lutaremos
bravamente contra tendências fanáticas ou manias que possamos trazer fruto de
vários outros fatores. Por isso é importante estudar.
Vejamos esse item da Introdução da citada obra
básica, o de número XV, esquecido lá na obra, e com tão farto material à
disposição.
Entusiasme-se com a pesquisa.
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